terça-feira, 29 de setembro de 2015

Solidariedade

Nunca fui voluntária e não me lembro de ter feito algo como fiz no sábado passado.

A empresa onde trabalho (em todos os países onde está) anualmente convida os colaboradores a ajudarem uma instituição.
E como é que é feita essa ajuda?
Através do que as pessoas fazem!
Pintar, lixar, regar, tratar... É um Querido Mudei a Casa, versão casa completa :)

No sábado éramos mais de 170 pessoas numa instituição nos arredores de Lisboa, a contribuir para que aqueles miúdos tenham uma vida melhor. A demonstrar-lhes que não estão sozinhos, que há pessoas que se preocupam com eles e que de forma desinteressada lhes dão algo de bom.

Quando ouvi a ideia não liguei. Quando fui convidada a inscrever-me voltei a não ligar, até que em conversa com colegas decidi inscrever-me a mim e ao meu marido - as famílias são convidadas a ir e a ajudar também! E que espectáculo que é!

A ideia pareceu-me um pouco tola e faço mea culpa por isso.
Tanta gente...
Isto da solidariedade é muito bonito mas será que vamos mesmo ajudar ou é só show off?
Vai tudo com t-shirt igual... Não era melhor gastar o dinheiro das t-shirts em algo que eles precisassem??
E tantas outras observações, ideias e pensamentos me ocorreram. Até que chegámos lá. Às 9h de sábado lá estávamos e a magia começou.

Ainda bem que estávamos todos com uma t-shirt igual!
A igualdade faz bem e coloca-nos a todos no mesmo patamar. Nós e os miúdos passámos a ser uma equipa, todos a trabalhar para o mesmo, e todos facilmente identificados.
Para aqules miúdos talvez esta igualdade tenha tido e tenha ainda hoje peso! Ainda bem que estávamos todos iguais :)

No fim, a casa ficou realmente diferente. Quartos pintados, sala pintada, jardim florido, horta tratada...
Aqueles miúdos não têm muito, mas no sábado ganharam mais! Valeu a pena! Valeu tanto a pena!
Almoçámos todos juntos. Além do trabalho que lá deixámos, convivemos.

Mas, no final da manhã dei por mim a andar pela Instituição a ver o que se passava. Andei pelos pisos, quartos, corredores, salas... Fiquei com um aperto no peito. De repente o mundo desabou e fiquei triste.
Aqueles miúdos, no meio de tudo o que se ouve e lhes podia ter acontecido, são uns sortudos. É tão irónico dizer isto,mas também é tão verdadeiro, dadas as condições a que podiam estar sujeitos. Vivem numa casa, têm comida, cama, roupa lavada, têm um jardim, têm espaço e estão em segurança. Mas... Mas foram abandonados ou retirados às suas famílias. Mas aquela casa não tem o conforto da minha. Mas a vida foi dura com eles. Mas... Tantos mas.
De repente o mundo desabou e agradeci a Deus pela vida maravilhosa que tenho.
Pela família, pelo amor, e pelos bens materiais, as casas, os carros, as roupas, as malas... que sendo materiais me dão conforto, e que sendo materiais me acompanham e também me aconchegam... No Verão quando tenho calor ligo o ar condicionado, no Inverno quando tenho frio ligo o ar condicionado e pego numa manta, quero ir a algum lado pego no carro, quero comer vou ao frigorífico, quero, tenho. É quase sempre assim. Sou uma sortuda.

Foi um dia espectacular! Estarei sempre presente. Valeu muito a pena!

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